Entrevista: Colocar um profissional só para fiscalizar a biblioteca

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Os livros estão etiquetados, catalogados e enfileirados, as revistas e os jornais dispostos em ordem cronológica e os móveis em lugares apropriados. Quem mantém uma biblioteca ou uma sala de leitura certamente merece o reconhecimento da equipe. Afinal, sem organização os materiais tendem a se perder e é mais difícil que cumpram os propósitos pedagógicos deles. Mas o trabalho desse profissional não pode ficar limitado. Para não se tornar um simples fiscal da ordem, o responsável pela biblioteca ou sala de leitura precisa atuar como um mediador entre os usuários e o acervo. "O objetivo é formar leitores e incentivar os alunos a entrar em contato com diferentes portadores, estudar, pesquisar e debater o que foi aprendido", diz Cíntia Barreto, doutora em literatura brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora do Colégio Estadual André Maurois e da Universidade do Grande Rio (Unigranrio). Portanto, gostar de ler, compreender obras de ficção e não ficção e diferentes estruturas de texto são requisitos para assumir essa posição.

Existem leis federais que regulamentam o trabalho do bibliotecário como responsável pelas bibliotecas e a existência desse espaço em todas as instituições até 2020. No entanto, muitas redes ainda não conseguiram garantir a construção desse local em todas as escolas e optaram pela criação de salas de leitura. Nesse caso, no que diz respeito à formação, o gestor pode escolher alguém de sua própria equipe. "Às vezes, é um professor da escola que tem essa sensibilidade com o acervo e entende as necessidades da comunidade", diz Celinha Nascimento, formadora de professores na área de leitura e literatura. A seleção da pessoa adequada passa pelas regras da rede de ensino.

Em São Paulo, por exemplo, uma portaria específica da Secretaria Municipal de Educação define o perfil e a forma de escolher o professor orientador da sala de leitura, nomenclatura dada na cidade. "Para ocupar o cargo, o docente concursado de qualquer área apresenta sua candidatura, junto com um plano de trabalho, no qual prevê ações de acordo com o projeto político-pedagógico da escola. 

 

O perfil prioriza profissionais que são leitores e que incentivem a leitura", explica Maria de Jesus Campos Sousa, assistente técnica educacional da rede que cuida da formação desses educadores.

 

Na EMEF Carlos Correa Mascaro, Célia Maria Caitano era professora de português e se tornou responsável pela sala de leitura depois de uma eleição com toda a comunidade. Agora, ela trabalha em parceria com os colegas e recebe formação da coordenação pedagógica e da rede. "Ela participa ativamente dos projetos da escola, tanto os voltados para a literatura como para as investigações científicas", conta o diretor Pedro Mota Pereira. "Quem lidera esse espaço pode saber de materiais que o professor da sala de aula não conhece e propor seu uso", observa Celinha. Isso só é possível quando se tem pleno domínio do acervo. 

Pedro já foi professor de sala de leitura em outra escola e afirma que esse espaço é o coração da instituição. "Quem atua nessa sala precisa querer partilhar esse mundo do conhecimento por meio da leitura de diferentes gêneros e suportes com quem está ao seu redor", diz.

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Cintia Barreto