Artigo: O Ensino da Língua Portuguesa - O Ato de Escrever

O ensino de Língua Portuguesa já sofreu uma série de mudanças ao longo dos anos, mas, hoje, mais do que nunca, é preciso repensar o papel do ensino da língua na universidade, a fim de que se possa ter um profissional ciente das questões gramaticais que envolvem um texto e apto a escrevê-lo com coesão e coerência.

Para Feitosa (2000), “escrever é parte inerente ao ofício do pesquisador” e não costuma ser tarefa fácil para ninguém. Normalmente, as pessoas “sofrem” muito quando têm que colocar suas ideias no papel.

Não se pode esquecer de que , durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas eram, e continuam sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral. O resultado de tal postura foi um universitário que mal sabe escrever e, o pior, que pode passar quatro anos na universidade sem saber colocar suas experiências no papel. 

Atualmente, a sociedade exige do profissional, seja ele engenheiro, advogado, jornalista, dentista, analista de sistemas ou professor, a capacidade de passar para o papel todos os seus estudos, divulgando assim o seu trabalho. Para isso, é preciso alguns conhecimentos específicos da elaboração da redação e, o principal, exige de qualquer um muita leitura. Escrever significa comunicar-se e, todos sabem que, nas empresas e instituições a comunicação se faz, muito mais, através da modalidade escrita do que da oral. 

Por outro lado, em inúmeras faculdades, o que se vê são pessoas, quase formadas, com dificuldade de escrever um texto. Esta dificuldade se explicita, quando o profissional tem de fazer uma pós-graduação, em que o exercício de escrita é uma constante;  ou quando ele é solicitado a escrever um relatório, uma declaração, ou um outro documento na empresa.

No momento em que estes questionamentos se colocam, pensamos por que estas pessoas, formadas por uma instituição, não conseguem escrever com certa tranquilidade e  atender às necessidades exigidas pelo mercado de trabalho ou pelas instituições de pós-graduação.

É importante esclarecer que o cerne do problema de se fazer uma boa redação não está diretamente ligado à universidade, e sim aos ensinos fundamental e médio. Contudo, este problema é levado até à faculdade e os docentes de língua portuguesa, matéria não encontrada em todas os cursos de graduação, não procuram, geralmente, fazer nada para sanar este “mal da escrita”. Ao final do curso, o que se tem é um profissional incapaz de escrever bem o que aprendeu. Incapaz de dissertar com segurança gramatical e estrutural a respeito de um tema apresentado.

Não se pode deixar de lembrar que o estudo gramatical é importante para a elaboração de um “bom” texto. Assim, para se escrever “bem” o texto deve-se saber utilizar, corretamente, os sinais de pontuação, deve-se saber ortografia, acentuação; deve-se saber o uso da crase; deve-se fazer as concordâncias verbal e nominal; deve-se saber regências verbal e nominal; além de se fazer um texto com os dois elementos mais importantes: coesão e coerência. Sem estes dois elementos,  o texto perde a intenção de comunicação, ou melhor, de intercomunicação.

Para BECHARA ( 2001) , o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. Dessa forma, entende-se que não é só escrever diversas frases e se ter um texto, mas é imprescindível unidade, é preciso que estas frases sejam coesas e coerentes e então somem um texto.

A essência do problema é verificar o ensino de língua portuguesa na universidade no que diz respeito à produção de textos, ou seja, mais especificamente, ao ensino de redação dissertativa objetiva na universidade.

 Referências Bibliográficas

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2001.

FEITOSA, Vera Cristina. Redação de textos científicos. 4. Ed. São Paulo: Papirus, 1991.

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Cintia Barreto